Jogador de futebol com uniforme verde escuro e camisa número 9 cabeceia uma bola, em fundo com linhas que dão a ideia de tecnologia no esporte

Inteligência artificial e futebol: como ela já está transformando o esporte

Por Luiz Vendramin Andreassa

Imagine a cena. Você está no estádio e o treinador do seu time faz uma substituição da qual você discorda. Ao abrir a boca para chamá-lo de burro, você para e se lembra que quem fez a escolha foi, na verdade, uma Inteligência Artificial. Parece uma situação absurda, mas, diante de tudo que se tem falado sobre IA – e todas as mudanças que ela pode promover na sociedade – é inevitável pensar no que ela pode fazer no futebol.

É isso que nós tentaremos explicar aqui. Afinal, se mesmo as previsões mais conservadoras falam em implicações enormes em todos os aspectos da vida humana, o esporte mais popular do mundo com certeza não passará (e não tem passado) intocado.

Mas, antes de tudo, vamos deixar o futebol de lado por um momento e trazer explicações básicas para quem não está familiarizado com o tema.

O que é Inteligência Artificial?

É a capacidade de computadores realizarem tarefas que precisam de inteligência, mais especificamente de inteligência humana. Mas não se trata de apenas fazer cálculos, por exemplo, como uma calculadora. Para ser uma IA, é preciso aprender, tomar decisões e realizar ações com autonomia.

É o caso do tal ChatGPT. Baseado em uma enorme quantidade de dados, ele entende as perguntas e comandos dos usuários e as responde com textos claros e fluidos, como se tivessem sido escritos por seres humanos. Ele também aprende com os próprios erros e aperfeiçoa suas respostas.

A discussão sobre Inteligência Artificial não é nova, vale lembrar. Ela começou a ser popular na segunda metade do século passado, quando foram criados diversos modelos que tentavam reproduzir o comportamento humano em alguma área.

E esse ponto aqui é importante: “alguma área”. A IA que temos hoje em dia é classificada por especialistas como “fraca” ou “estreita” (ANI, sigla para Artificial Narrow Intelligence). Isso significa que seus diferentes modelos conseguem fazer muito bem e se aperfeiçoar em apenas uma ou poucas áreas.

Um robô com a mão no queixo, como se estivesse pensando, e ao fundo uma lousa cheia de fórmulas matemáticas
A expectativa de especialistas é que a Inteligência Artificial se torne cada vez mais apta a realizar tarefas que pensávamos poderem ser feitas apenas por humanos. (créditos: WikiMedia Commons)

Os algoritmos de sugestões de conteúdo, por exemplo, aprendem nossos gostos para oferecer sugestões cada vez mais precisas – e é só. O ChatGPT usa análise de dados e de probabilidades para interagir com o usuário, entender imagens e criar textos de diversos tipos, mas (ainda) não faz mais que isso.

Por ser muito mais competente e “inteligente” que tentativas anteriores, o ChatGPT levantou discussões sobre a distância que estamos de chegar ao próximo nível de IA: inteligência artificial forte ou geral (AGI, ou Artificial General Intelligence). Essa, sim, seria capaz de desempenhar muitas funções, raciocinar e resolver problemas como um ser humano.

O que nos separa de sair do nível ANI (fraco) e chegar ao AGI (forte)? Basicamente, aquilo que nós, humanos, fazemos e uma máquina não consegue:

  • aprender diferentes habilidades rapidamente
  • analisar contextos e emoções
  • entender e atribuir sentido a objetos e eventos
  • pensar de forma abstrata
  • divagar e fazer conexões pouco óbvias
  • reagir a acontecimentos inesperados
  • ter consciência do próprio corpo e dos próprios sentimentos
  • criar algo original
  • entre outros

Essas competências estão (por enquanto) fora do alcance da Inteligência Artificial porque são muito raras, mesmo na natureza. Elas são fruto da evolução de milhões de anos do cérebro do Homo sapiens.

Pense em como nós conseguimos encontrar padrões facilmente, como quando vemos um rosto em quaisquer dois pontinhos e uma linha arqueada que vemos por aí. Ou como ouvimos uma música, pensamos na última vitória do nosso time de futebol e caminhamos pela rua voltando para casa, sem dar comandos conscientes para nosso corpo se mover ou mesmo pensar no caminho que automaticamente seguimos.

Para uma máquina, isso tudo é muito difícil, dada a complexidade das atividades envolvidas. Ela precisaria de uma capacidade de processamento e refinamento algorítmico que ainda não atingimos.

O grande desafio não é criar uma máquina capaz de fazer milhões de cálculos por segundo, mas que consiga emular aquilo que fazemos sem perceber. Quando chegarmos a esse ponto (e, para a maioria dos especialistas, é mesmo uma questão de “quando chegaremos”, e não de “se chegaremos”), teremos a tal IA forte.

Bolas de futebol formadas por linhas que se conectam, simulando ligações entre neurônios. Tecnologia deve aumentar no esporte com desenvolvimento da Inteligência Artificial
Tecnologia já está presente no futebol, mas pode se tornar ainda mais importante com o desenvolvimento da Inteligência Artificial. (créditos: Freepik)

Esse é o passo crucial para avançar ao nível seguinte: a ASI, sigla em inglês para superinteligência artificial. Teoricamente, ela será capaz de desempenhar qualquer atividade humana, mas de forma muito, muito superior. E, quem sabe, nos ajudar a resolver grandes problemas da humanidade, como achar a cura de (todas as) doenças, reverter as mudanças climáticas, acabar com a fome, entre tantos outros. 

Por outro lado, é a ASI que causa mais preocupação entre quem pesquisa o assunto. Não exatamente porque ela possa ter vontades próprias e se rebelar contra seus criadores, como vemos nos filmes. Mas porque será praticamente invencível em seu intento de fazer aquilo para o que foi programada – independentemente da nossa vontade ou das nossas regras morais.

O quão distantes estamos dos próximos dois níveis? Mesmo os experts não têm um consenso. Podemos chegar à AGI em cinco, dez ou setenta anos; e à ASI pouco tempo depois.

Só que vamos focar, nesta matéria, nas aplicações mais imediatas para o futebol. Portanto, vamos falar mais de ANI (fraca) e AGI (forte).

O futebol e a Inteligência Artificial

Assim como faz parte de nossas vidas há anos, mesmo que a gente não perceba, a Inteligência Artificial já está estabelecida no futebol. E não falo de criar imagens de como eram os astros mundiais quando bebês. Seu principal papel, hoje, é analisar e interpretar grandes quantidades de dados.

O Brentford é um caso emblemático desse potencial. O pequeno clube de Londres usou a ciência de dados para orientar suas contratações e buscar jogadores baratos que combinam com seu estilo de jogo. A equipe chegou à Premier League e atualmente faz boa campanha na elite do futebol inglês.

A IA entra como coadjuvante ou protagonista no processo de coletar, analisar, aprender e oferecer ideias através das informações. Com isso, ela já tem sido útil em vários objetivos. Vejamos alguns deles.

Buscar e recrutar jogadores

Um dos usos mais comuns é a busca por jogadores talentosos que estejam fora dos holofotes, o chamado scouting.

Chelsea, Burnley e Olympiacos, por exemplo, são clientes da AiSCOUT. Nela, os clubes estabelecem as características dos atletas que procuram e o aplicativo, na outra ponta, usa IA para analisar vídeos de candidatos jogando futebol ou fazendo exercícios específicos. Assim, os recrutadores têm acesso rápido aos perfis desses candidatos, sem precisar acompanhar seus jogos pessoalmente.

Já o Eyeball oferece um serviço parecido com o do AiSCOUT, só que – literalmente – mais amplo. Câmeras filmam partidas de diferentes clubes ao redor do mundo e a Inteligência Artificial, de forma autônoma, levanta informações e faz análises de desempenho. Ela é usada por clubes europeus para procurar possíveis talentos em jogos que acontecem em outros continentes, como a África. Entre os clientes, estão Lille, Milan e Benfica.

“O cruzamento das informações do comportamento de um determinado time, apontando suas fraquezas, cruzadas com a de outra equipe com jogadores de perfil semelhantes e que têm melhor êxito nas competições, pode recomendar as características físicas de atletas que podem gerar melhor efeito no desempenho futuro da equipe”. A explicação é de Bruno Maia, CEO da empresa Feel The Match, em artigo publicado no Blog do Juca.

Ben Greenwood, jovem de cor branca e cabelos ruivos, posa assinando contrato com o Bournemouth, com cinco funcionários do clube em segundo planos
Ben Greenwoord foi contratado pelo Bournemouth, da primeira divisão da Inglaterra, por meio do programa AiSCOUT, que usa Inteligência Artificial para recrutar jogadores. (créditos: reprodução/Instagram)

Prever o desempenho dos atletas

A Olocip, fundada por Esteban Granero, ex-jogador do Real Madrid, diz ser capaz de analisar dados, contextos e variáveis para antever o desempenho de possíveis contratações – e até mesmo prever o número de gols que um jogador pode marcar em seu próximo clube.

“Não é uma bola de cristal que diz se Mbappé vai marcar 15 gols no Real Madrid, mas pode dizer se tem 95% de probabilidade de marcar entre 14 e 16 gols. É matemática”, explicou Granero em entrevista ao jornal Record, de Portugal.

Clubes e jogadores podem aproveitar esse tipo de tecnologia para diminuir os riscos de seus movimentos no mercado. A Sentient Sports, por exemplo, usou Inteligência Artificial para apontar qual seria o melhor clube para o volante inglês Jude Bellingham se transferir no futuro.

Jude Bellingham com o uniforme do Borussia Dortmundo durante uma partida, com torcedores desfocados ao fundo
Para onde vai Jude Bellingham? Segundo a IA da Sentient Sports, o destino ideal para seu estilo de jogo seria o Liverpool, mas, no fim de março de 2023, ele está entre Manchester City e Real Madrid.
(créditos: reprodução/Instagram)

“Nós desenvolvemos Inteligência Artificial avançada que foca em análises prospectivas para simular o desempenho de um jogador depois que ele muda de clube. Isso nos permite avaliar seu potencial e a probabilidade de sucesso”, disse Ryan Beal, fundador da empresa, ao site The Athletic.

Levando em conta aspectos táticos das principais equipes da Europa, as características físicas e técnicas do jogador e até o contexto cultural, a ferramenta afirmou que o Liverpool seria a melhor opção para Bellingham.

Por outro lado, a IA da Sentient Sports errou feio ao apontar as probabilidades de cada seleção vencer a última Copa do Mundo. O Brasil apareceu com 41% de chances de título, enquanto a campeã Argentina tinha apenas 10,5%. A finalista França aparecia somente na quinta posição, atrás de Portugal e Inglaterra.

Print de um tweet do perfil da empresa Sentient Sports que mostra um gráfico com as chances de cada seleção vencer a Copa do Mundo do Catar
A Sentient Sports usou seu modelo de Inteligência Artificial para prever as chances de cada seleção vencer a Copa do Mundo. O Brasil, amplo favorito segundo a estimativa, não passou das quartas de final. (créditos: reprodução/Twitter)

Antever e prevenir lesões

A Inteligência Artificial também consegue analisar dados para apontar quando um jogador está mais propenso a se contundir. A Zone7, por exemplo, diz que seu modelo consegue prever 70% desses casos com sete dias de antecedência.

Para isso, ela analisa informações de dispositivos que os atletas usam durante os treinos, além de estatísticas das partidas, horas de sono e biomarcadores. O algoritmo ajuda os especialistas da empresa a detectarem os sinais de risco para avisar os clubes.

O Liverpool usou o serviço na fantástica temporada 2021/22, quando venceu a Copa da Inglaterra e a Copa da Liga, além de chegar à final da Liga dos Campeões e ser vice-campeão inglês com incríveis 92 pontos.

Comparando com o período anterior, os Reds tiveram 33% menos dias de jogadores contundidos (1008 contra 1531 da temporada 2021/22) e 40% menos dias perdidos por lesões graves (841 contra 1409).

O Los Angeles Football Club, dos Estados Unidos, também usou a tecnologia da Zone7 no mesmo período. Comparando com a temporada anterior, os resultados foram ainda mais impressionantes:

  • 53% menos dias perdidos por contusão por partida disputada
  • 69% menos dias perdidos por contusões sem contato
  • 17% menos contusões por partida disputada

Coincidência ou não, o Los Angeles faturou o título da Major League Soccer, principal campeonato de futebol masculino nos EUA, pela primeira vez em 2021/22.

Javier Vidal, um homem branco vestido com calça jeans e camisa azul e preta, sentado no banco de reservas do Getafe enquanto usa um tablet
Javier Vidal, treinador de desempenho do Getafe, usa a tecnologia de Inteligência Artificial da Zone7 para prever e prevenir lesões dos jogadores do clube. (créditos: reprodução/Zone7)

Diminuir erros de arbitragem

Se você considera o VAR uma intromissão exagerada da tecnologia no trabalho da arbitragem, saiba que essa tendência deve se aprofundar no futuro.

Durante a Copa do Mundo, a Fifa usou a chamada Tecnologia Semi-Automatizada de Impedimento, um novo modelo movido por Inteligência Artificial que detecta sozinho situações de impedimento

O novo sistema dá mais precisão e velocidade às decisões nesse tipo de lance. Os assistentes que ficam na cabine do VAR não precisam traçar as famigeradas linhas, o que diminui o tempo de checagem e a margem de erro. Nesses casos, os humanos atuam mais como revisores dos alertas enviados pela tecnologia.

Logo aos dois minutos da primeira partida da Copa do Catar, entre o time da casa e o Equador, um gol de Enner Valencia foi anulado por impedimento milimétrico apontado pela ferramenta.

O lendário ex-árbitro Pierluigi Collina defendia, já em 2019, que se usassem todos os recursos tecnológicos para auxiliar (ou substituir?) a arbitragem. “A necessidade é de reduzir o tempo técnico necessário, ter uma tecnologia, uma inteligência artificial, que já lhe permita selecionar as melhores imagens”, disse o italiano, atual presidente da Comissão de Arbitragem da Fifa, se referindo ao VAR.

O futebol que desenvolve a IA

Se a Inteligência Artificial aprimora processos no futebol, o caminho inverso também acontece. Por se tratar de um esporte extremamente complexo, ele é um desafio e tanto para desenvolvedores e especialistas testarem seus modelos.

Esse é o objetivo da Federação Internacional de RoboCup, que desde 1997 organiza campeonatos de futebol jogados por robôs.

Atualmente, as máquinas não conseguem grandes feitos, mas o objetivo a longo prazo é ambicioso: na metade deste século, criar uma equipe de jogadores robóticos capaz de vencer a seleção campeã da Copa do Mundo em uma partida real.

Muitos de nós poderemos estar presentes nesse futuro para saber se o objetivo foi alcançado. Mas, de qualquer maneira, as implicações para outras áreas e atividades da sociedade podem ser percebidas bem mais cedo.

“A RoboCup mescla pensamentos ambiciosos e de longo prazo sobre como a IA e a robótica mudarão o mundo com considerações práticas e imediatas sobre como projetar, construir e programar protótipos de robôs personalizados para sentir, decidir e agir”, afirmou Peter Stone, ex-presidente da federação.

No vídeo abaixo, veja as capacidades de Artemis, robô desenvolvido pela RoMeLa e pela UCLA (Universidade da Califórnia) para competir na edição 2023 da competição, que vai acontecer em julho, na França.

Um vislumbre do futuro do futebol

Diante da evolução que a Inteligência Artificial tem mostrado nos últimos anos e das possibilidades que ela já oferece à sociedade, é inevitável se perguntar sobre o futuro. 

Especialistas e futuristas tentam fazer previsões, mas a verdade é que é muito difícil adivinhar o que vem por aí. Afinal, trata-se de algo que a humanidade nunca experimentou: além de abrir horizontes imprevisíveis, a IA é uma tecnologia que pode se tornar mais poderosa do que nós mesmos.

Amy Webb, fundadora do The Future Today Institute e autora de diversos livros sobre tecnologia, é uma das pessoas que trabalham imaginando o que vai acontecer.

“Creio que as pessoas estão muito ligadas nessa ideia de que teremos seres de inteligência artificial que pensarão e se comportarão como seres humanos. Mas eu acho que estamos caminhando para uma inteligência artificial de apoio”, disse ela em entrevista recente à revista Época Negócios.

“Em dez anos, quando um cirurgião realizar uma intervenção sem o auxílio de um robô, as pessoas vão considerar isso uma barbárie. Porque todos os médicos terão o auxílio de assistentes providos de inteligência artificial. Então, a IA vai substituir alguns seres humanos. Mas a maneira como trabalharemos juntos será simbiótica, e não confrontacional”.

Funcionários da AiSCOUT, em um campo de futebol, filmam jovens fazendo exercícios com bolas de futebol
A AiSCOUT ajuda clubes a encontrarem potenciais talentos com ajuda de vídeos analisados por meio de Inteligência Artificial.
(créditos: reprodução/Instagram)

Quando se trata do futebol, quem já trabalha com a união entre a bola e a tecnologia tem visão parecida.

Ao portal R7, Jorge Braga, CEO do Botafogo, afirmou que as grandes mudanças já estão acontecendo. “A IA está ajudando a mudar o mundo do futebol como o conhecemos. A tecnologia e o futebol estão construindo um relacionamento que pode mudar mais do que apenas a maneira como um esporte é praticado”.

“Não existe ser humano capaz de trabalhar com todos os dados, as variáveis e os parâmetros que temos no futebol, então precisamos da ajuda das máquinas”, opinou Jordi Mompart, diretor de Inteligência Artificial de Pesquisa no Barcelona.

“Estamos começando a entender como aprendizado de máquina e inteligência artificial podem mudar o mundo. Elas poderão ajudar os tomadores de decisão a tomar melhores decisões”, completou.

Sobre a cena que descrevemos no primeiro parágrafo desta matéria, ela não deve acontecer tão cedo. Karl Tuyls, pesquisador de IA da DeepMind, empresa da Alphabet (a holding do Google), trabalhou em um projeto em parceria com o Liverpool. Para ele, não haverá substituição de treinadores por máquinas.

“Não acho que você verá grandes impactos nos próximos seis meses ou um ano, mas nos próximos cinco anos algumas das ferramentas serão mais desenvolvidas e você poderá ver algo […] que pode olhar para o primeiro tempo de um jogo e dar conselhos sobre o que pode ser mudado no segundo tempo”, disse ele ao site Wired em 2021. Os cinco anos de sua previsão estão chegando.

Como vemos, o uso da Inteligência Artificial – e da tecnologia em geral – no futebol tenta diminuir a imprevisibilidade e os riscos de decisões equivocadas. Isso em um esporte que tem como principal característica justamente ser imprevisível, e no qual a teórica superioridade de um time nem sempre se impõe na prática.

Um notebook no centro da imagem, com uma bola, uma chuteira e um troféu ao lado
Tão fundamental quanto o uniforme? Tecnologia é parte importante do futebol moderno, inclusive com o uso de Inteligência Artificial para guiar decisões e prever lesões. (créditos: Freepik)

Do pouco que é possível arriscar sobre o futuro, a Inteligência Artificial deve aprofundar o que já se pratica no futebol de alto nível: a complexidade tática, as análises cada vez mais minuciosas, a obsessão por informações e dados que possam garantir qualquer mínima vantagem.

A AGI, ou inteligência artificial forte, da qual falamos antes, poderá dar mais ferramentas a treinadores, diretores e atletas. Ela será capaz de juntar um número ainda maior de dados e variáveis para propor decisões que levem em conta todos os fatores.

E, para sermos justos com o princípio jornalístico de dar voz a todas as partes envolvidas no assunto, perguntamos sobre isso ao próprio ChatGPT.

Futebocracia: A IA poderá substituir, de alguma forma, o trabalho de treinadores ou de membros de comissões técnicas de clubes de futebol?
ChatGPT: Não é provável que a IA substitua completamente o trabalho de treinadores ou membros de comissões técnicas de clubes de futebol. Embora possa fornecer informações valiosas, a decisão final ainda deve ser tomada por humanos com experiência e conhecimento do jogo, e a IA não pode substituir a interação humana e a comunicação.

A capacidade de interagir e se comunicar como nós fazemos é algo que as máquinas ainda não conseguem fazer. Uma Inteligência Artificial pode dar sugestões baseadas em probabilidades e análises de dados. Porém, dificilmente diria a Abel Ferreira para colocar Breno Lopes na final da Libertadores de 2020 porque ele faria o gol do título em uma bola alçada na área. A IA tem seus limites.

Ainda assim, a roda do desenvolvimento tecnológico não gira para trás. Em cenários competitivos como os esportes profissionais, todos vão querer estar à frente. Esteban Granero também pensa assim. “No futuro, quem não usar essa tecnologia vai estar em desvantagem em relação aos outros”.

Não pare aqui

Como sou leigo em tecnologia e Inteligência Artificial, pode haver equívocos ou informações incompletas nesta matéria. Por isso, tentei me basear ao máximo em fontes confiáveis e na visão de especialistas. Ainda assim, recomendo que você faça suas próprias pesquisas, caso queira se aprofundar no assunto. Abaixo, deixo as melhores leituras que encontrei até o momento. A maioria está em inglês, mas hoje em dia temos boas ferramentas de tradução na internet – que inclusive usam IA, veja só.

The AI Revolution: The Road to Superintelligence | Wait But Why
The AI Revolution: Our Immortality or Extinction | Wait But Why
Mesmo sendo de 2015, esses artigos explicam de forma bem didática e divertida o que é IA e suas implicações.

The case for taking AI seriously as a threat to humanity | Vox
Por que a Inteligência Artificial pode ser uma ameaça à humanidade? Aqui temos uma explicação simples e completa.

Artificial General Intelligence Is Not as Imminent as You Might Think | Scientific American
Há quem pense que estamos perto da AGI (IA forte). Este artigo argumenta que não é bem assim.

Humanidade precisa se adaptar à inteligência artificial ou decidir desacelerá-la | Folha de S. Paulo
O desenvolvimento da IA pode ser muito mais rápido do que nossa capacidade de adaptação. Ezra Klein fala sobre os cuidados que precisamos ter.

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